REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Terça-feira da 15ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, que mostrais a luz da
verdade aos que erram
para retomarem o bom
caminho,
dai a todos os que professam
a fé,
rejeitar o que não convém ao
cristão,
e abraçar tudo o que é digno
desse nome.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 11, 20-24)
20Depois
Jesus começou a censurar as cidades, onde tinha feito grande número de seus
milagres, por terem recusado arrepender-se: 21Ai de ti, Corozaim! Ai
de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os
milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam
arrependido sob o cilício e a cinza. 22Por isso vos digo: no dia do
juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós! 23E
tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu? Não! Serás atirada até o inferno!
Porque, se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro dos teus
muros, subsistiria até este dia. 24Por isso te digo: no dia do
juízo, haverá menor rigor para Sodoma do que para ti!
3) Reflexão Mateus 11,20-24 (Lc 10,13-15)
* O Sermão
da Missão ocupou o capítulo 10. Os capítulos 11 e 12 vão descrever como
Jesus realizava a Missão. Ao longo
destes dois capítulos, aparecem as adesões, as dúvidas e as recusas que a ação
evangelizadora de Jesus ia provocando. João Batista, que olhava Jesus com os
olhos do passado, não conseguia entendê-lo (Mt 11,1-15). O povo, que olhava
para Jesus com finalidade interesseira, não foi capaz de entendê-lo (Mt
11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus
e viram seus milagres, não quiseram abrir-se para a sua mensagem (é o texto do
evangelho de hoje) (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que apreciavam tudo a
partir da sua própria ciência, não
foram capazes de entender a pregação de Jesus (Mt 11,25). Os fariseus que
confiavam só na observância da lei, criticavam Jesus (Mt 12,1-8) e decidiram
matá-lo (Mt 12,9-14). Diziam que Jesus agia em nome de Beelzebu (Mt 12,22-37).
Queriam dele uma prova para poder crer nele (Mt 12,38-45). Nem os parentes
apoiavam Jesus (Mt 12,46-50). Só os pequenos e o povo doente o entendiam e
aceitavam a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30). Iam atrás dele (Mt 12,15-16) e
viam nele o Servo anunciado por Isaías (Mt 12,17-21).
* Esta maneira de descrever a ação
missionária de Jesus era uma advertência clara para os discípulos e discípulas
que andavam com Jesus pela Galiléia. Não podiam esperar muita recompensa nem
elogio pelo fato de serem missionários de Jesus. A advertência vale também para
nós que hoje lemos e meditamos este mesmo Sermão da Missão, pois os evangelhos
são escritos envolventes. Eles nos convidam a confrontar nossa atitude frente a
Jesus com a atitude das personagens que aparecem no evangelho e a nos perguntar
se somos como João Batista (Mt 11,1-15), como o povo interesseiro (Mt
11,16-19), como as cidades incrédulas (Mt 11,20-24), como os doutores que
pensavam saber tudo e não entendiam nada (Mt 11,25), como os fariseus que só
sabiam criticar (Mt 12,1-45) ou como o povo pequeno que andava à procura de
Jesus (Mt 12,15) e que, com a sua sabedoria, soube entender e aceitar a mensagem
do Reino(Mt 11,25-30).
* Mateus
11,20: A palavra contra as cidades que não o receberam
O espaço por onde Jesus andou durante aqueles três anos da sua vida
missionária era pequeno. Abrangia uns poucos quilômetros quadrados ao longo do
Mar da Galiléia em torno das cidades Cafarnaum, Betsaida e Corazain. Só! Ora,
foi neste espaço tão pequeno que Jesus realizou a maior parte dos seus
discursos e milagres. Ele veio salvar a humanidade inteira, e quase não saiu do
limitado espaço da sua terra. Tragicamente, Jesus teve que constatar que o povo
daquelas cidades não quis aceitar a mensagem do Reino e não se converteu. As
cidades se fixaram na rigidez das suas crenças, tradições e costumes e não
aceitaram o convite de Jesus mudar de vida.
* Mateus
11,21-24: Corazain, Betsaida e Cafarnaum são piores que Tiro, Sidônia e Sodoma
No passado, Tiro e Sidônia, inimigos ferrenhos de Israel,
maltrataram o povo de Deus. Por isso, foram amaldiçoadas pelos profetas (Is
23,1; Jr 25,22; 47,4; Ez 26,3; 27,2; 28,2; Jl 4,4; Am 1,10). E agora, Jesus diz
que estas cidades, símbolos de toda a malvadeza, já teriam feito conversão se
nelas tivessem acontecido tantos milagres como em Corazain e Betsaida. A cidade
de Sodoma, símbolo da pior perversão, foi destruída pela ira de Deus (Gn 18,16
a 19,29). E agora, Jesus diz que Sodoma existiria até hoje, pois teria feito a
conversão se tivesse visto os milagres que Jesus fez em Cafarnaum. Hoje
continua o mesmo paradoxo. Muitos de nós, que somos católicos desde criança,
temos tantas convicções consolidadas, que ninguém é capaz de nos converter. E
em alguns lugares, o cristianismo, em vez de ser fonte de mudança e de
conversão, tornou-se o reduto das forças mais reacionárias da política do país.
4) Para um confronto pessoal
1) Como me coloco diante
da Boa Nova de Jesus: como João Batista, como o povo interesseiro, como os
doutores, como os fariseus ou como o povo pequeno e pobre?
2) Minha cidade e meu país
merecem a advertência de Jesus contra Cafarnaum, Corazaim e Betsaida?
5) Oração final
Grande é o Senhor e digno de todo louvor,
na cidade de nosso Deus.
O seu monte santo, colina magnífica,
é uma alegria para toda a
terra. (Sl 47,
2-3)
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