12 de jul. de 2013

Quarta-feira da 16ª Semana do Tempo Comum



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Quarta-feira da 16ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas

e multiplicai em nós os dons da vossa graça,
para que, repletos de fé, esperança e caridade,
guardemos fielmente os vossos mandamentos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 13, 1-9)

1Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago. 2Acercou-se dele, porém, uma tal multidão, que precisou entrar numa barca. Nela se assentou, enquanto a multidão ficava à margem. 3E seus discursos foram uma série de parábolas. 4Disse ele: Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. 5Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. 6Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta de raízes. 7Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. 8Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um. 9Aquele que tem ouvidos, ouça.

3) Reflexão   Mateus 13,1-9
*  No capítulo 13 do Evangelho de Mateus começa o terceiro grande discurso, o Sermão das Parábolas. Como já dissemos anteriormente no comentário do evangelho do dia 9 de julho, Mateus organizou o seu evangelho como uma nova edição da Lei de Deus ou como um novo “Pentateuco” com seus cinco livros. Por isso, o seu evangelho traz cinco grande discursos ou ensinamentos de Jesus, seguidos por partes narrativas, nas quais se descreve como Jesus praticava o que tinha ensinado nos discursos. Eis o esquema:
Introdução: nascimento e preparação do Messias (Mt 1 a 4)
1. Sermão da Montanha: a porta de entrada no Reino (Mt 5 a 7)
Narrativa Mt 8 e 9
2. Sermão da Missão: como anunciar e irradiar o Reino (Mt 10)
Narrativa Mt 11 e 12
3. Sermão das Parábolas: o mistério do Reino presente na vida (Mt 13)
Narrativa Mt 14 a 17
4. Sermão da Comunidade: a nova maneira de conviver no Reino (Mt 18)
Narrativa 19 a 23
5. Sermão da vinda futura do Reino: a utopia que sustenta a esperança (Mt 24 e 25)
Conclusão: paixão, morte e ressurreição (Mt 26 a 28).
*  No evangelho de hoje vamos meditar sobre a parábola da semente. Jesus tinha um jeito bem popular de ensinar por meio de comparações e parábolas. Geralmente, quando terminava de contar uma parábola, ele não explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43). De vez em quando, ele explicava para os discípulos (Mt 13,36). As parábolas falam das coisas da vida: semente, lâmpada, grão de mostarda, sal, etc. São coisas que existem na vida de todos, tanto do povo daquele tempo como de hoje. Deste modo, a experiência que hoje nós temos destas coisas da vida tornam-se para nós um meio para descobrir a presença do mistério de Deus em nossas vidas. Falar em Parábolas é revelar o mistério do Reino presente na vida.
Mateus 13,1-3: Sentado num barco, Jesus ensina o povo
Como no Sermão da Montanha (Mt 5,1-2), também aqui Mateus faz uma breve introdução ao Sermão das Parábolas, descrevendo o jeito de Jesus ensinar o povo na praia, sentado no barco, e muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha freqüentado a escola superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades religiosas, começou a ensinar o povo. O povo gostava de ouvi-lo. Jesus ensinava sobretudo através de parábolas. Já vimos várias: do pescador de homens (Mt 4,19), do sal (Mt 5,13), da lâmpada (Mt 5,15), das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6,26.28), da casa construída na rocha (Mt 7,24). Mas agora, no capítulo 13, as parábolas começam a ter um significado especial: servem para revelar o mistério do Reino de Deus presente no meio do povo e na atividade de Jesus.
Mateus 13,4-8: A parábola da semente retrata a vida do camponês.
Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muitas pedras. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mt 12,1). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza. A parábola do semeador descreve o que todos sabiam e faziam: a semente jogada pelo agricultor vai caindo. Uma parte cai à beira do caminho; outra parte, nas pedras ou entre os espinhos; outra parte em terra boa, onde, de acordo com a qualidade do terreno, vai produzindo trinta, sessenta e até cem. Uma parábola é uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. O povo da Galiléia entendia de semente, de terreno, chuva, sol, e colheita. Ora, eram exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus usou na parábola para explicar o mistério do Reino.
Mateus 13,9: Quem tem ouvidos ouça
A expressão “Quem tem ouvidos ouça” significa: “É isso! Vocês ouviram. Agora tratem de entender!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor que escutou a parábola, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola funcionou!

4) Para um confronto pessoal
1. Como foi o ensino do catecismo que você recebeu quando criança? Foi de comparações tiradas da vida? Você lembra de alguma comparação importante que a catequista contou? E hoje, como é a catequese na sua comunidade?
2. Às vezes, somos caminho; outras vezes, pedra; outras vezes, espinhos; outras vezes, é terra boa. O que sou eu? Na nossa comunidade, o que somos? Quais os frutos que a Palavra de Deus está produzindo na minha vida, na minha família e na nossa comunidade: trinta, sessenta ou cem?

5) Oração final

O Senhor está na sua santa morada!
no céu está o trono do Senhor.
Seus olhos observam,
suas pálpebras interrogam os seres humanos. (Sl 10, 4)




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