REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Sexta-feira da 16ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, sede generoso para com os
vossos filhos e filhas
e multiplicai em nós os dons da vossa graça,
e multiplicai em nós os dons da vossa graça,
para que, repletos de fé,
esperança e caridade,
guardemos fielmente os
vossos mandamentos.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 13, 18-23)
18Ouvi, pois, o sentido da
parábola do semeador: 19quando um homem ouve a
palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no
seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho. 20O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe
com alegria a palavra ouvida, 21mas
não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por
causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda. 22O terreno que recebeu a semente entre os espinhos
representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a
sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. 23A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a
compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um.
3) Reflexão
• Contexto. A partir do capítulo 12, aparece uma oposição entre os
líderes religiosos de Israel, os escribas e fariseus, de um lado, enquanto por
outro lado, entre as multidões que ouvem Jesus maravilhadas com suas ações
prodigiosas, vai-se formando pouco a pouco um grupo de discípulos de
características ainda não definidas, mas que segue a Jesus com perseverança. A
doze destes discípulos Jesus dá o dom da sua autoridade e de seus poderes;
envia-os como mensageiros do reino e lhes dá instruções exigentes e radicais (10,5-39).
No momento da controvérsia com seus adversários, Jesus reconhece a sua
verdadeira parentela não vinha da carne (mãe, irmãos), mas sim nos que o
seguem, ouvem e fazem a vontade do Pai (12,46 -50). Este último relato nos
permite imaginar que o público a quem Jesus dirige a palavra é duplo: de um
lado, os discípulos aos quais lhes concede conhecer os mistérios do reino
(13,11) e que são capazes de compreendê-los (13,50 ) e, por outro lado, a
multidão que parece estar privada desta compreensão profunda (13,11.34-36). Às
grandes multidões que se reúnem para ouvir Jesus é apresentada em primeiro
lugar a parábola do semeador. Jesus fala de uma semente que cai na terra ou
não. O seu crescimento depende do lugar onde ela cai, é possível que seja
impedida até o ponto de não dar frutos, como acontece nas três primeiras
categorias de terra: "o caminho" (lugar duro por causa da passagem de
homens e animais), "o terreno rochoso" (formada por rochas),
"cardos" (terra coberta de espinhos). No entanto, aquela que cai na
"boa terra" dá um fruto excelente ainda que em quantidades
diferentes. O leitor é orientado a prestar mais atenção ao fruto do grão que à
ação do semeador. Além disso, Mateus focaliza a atenção do público sobre a boa
terra e sobre fruto que ela é capaz de produzir excepcionalmente. A primeira
parte da parábola termina com uma advertência: “Aquele que tem ouvidos, ouça." (v. 9), é uma chamada para a
liberdade de ouvir. A palavra de Jesus pode permanecer uma simples "parábola"
para uma multidão incapaz de entender, mas para aquele que se deixa conduzir
por sua força pode revelar "os mistérios do reino dos céus." O
acolher a palavra de Jesus é o que distingue os discípulos e a multidão
anônima, a fé dos primeiros revela a cegueira dos segundos e os empurra a
buscar para além da parábola.
• Ouvir e compreender. É sempre Jesus quem
conduz os discípulos no caminho certo para a compreensão da parábola. No
futuro, será a Igreja a ser guiada através dos discípulos para a compreensão da
Palavra de Jesus. Na explicação da parábola, os dois verbos "ouvir" e
"entender" aparecem em 13,23: “A terra boa semeada é aquele que
ouve a palavra e a compreende." É na compreensão onde o discípulo
que ouve cada dia a Palavra de Jesus se distingue das multidões que só a
escutam ocasionalmente.
• Impedimentos à compreensão. Jesus
refere-se, principalmente, à resposta negativa que seus contemporâneos dão à
sua pregação do reino dos céus. Esta resposta negativa está ligada a
impedimentos de vários tipos. O terreno da beira do caminho é aquele que os
pedestres tornaram endurecido e aparece totalmente negativo: "Todo mundo
sabe que não serve para nada lançar a semente no caminho: não há as condições
necessárias para o crescimento. Depois as pessoas passam, pisoteiam e destroem
a semente. A semente não se lança em qualquer parte” (Carlos Mesters). Antes de
tudo está a responsabilidade pessoal do indivíduo: acolher a Palavra de Deus no
próprio coração; se ao contrário cai em um coração "endurecido",
teimoso em suas convicções e na indiferença, se oferece campo ao maligno que
acaba completar por completar esta atitude persistente de fechamento à Palavra
de Deus.
O solo pedregoso. Se o primeiro obstáculo é um coração
insensível e indiferente, a imagem da semente que cai sobre pedras, sobre
rochas e entre os espinhos, indica o coração imerso em uma vida superficial e
mundana. Estes estilos de vida são a energia que impedem que a Palavra dê
frutos. Ele dá um vislumbre de ouvir, mas logo se torna bloqueado, não só pelas
provações e tribulações inevitáveis, mas também para o envolvimento do coração
nas preocupações e riqueza. A vida não profunda e superficial provoca a
instabilidade.
A boa terra
é o coração que ouve e compreende a palavra; esta dá frutos. Esse desempenho é
o trabalho da Palavra em um coração acolhedor. Trata-se de uma compreensão
dinâmica, que se deixa envolver pela ação de Deus presente na Palavra de Jesus.
A compreensão da sua Palavra permanecerá inacessível se negligenciarmos o
encontro com ele e não o deixamos que dialogue conosco.
4) Para um confronto pessoal
1. A escuta da Palavra de Deus, te
leva à compreensão profunda ou permanece apenas como um exercício intelectual?
2. És coração acolhedor e disponível,
dócil para chegar a uma compreensão plena da Palavra?
5) Oração final
A lei do Senhor é
perfeita, reconforta a alma;
a ordem do Senhor é
segura, instrui o simples.
Os preceitos do Senhor são
retos, deleitam o coração;
o mandamento do Senhor é
luminoso, esclarece os olhos. (Sl 18, 8-9)
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