REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Sexta-feira da 19ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
a quem ousamos chamar de
Pai,
dai-nos cada vez mais um
coração de filhos
para alcançarmos um dia a
herança que prometestes.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 19,3-12)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo,
segundo Mateus - Naquele tempo, 3Os fariseus vieram perguntar-lhe
para pô-lo à prova: É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo
qualquer? 4Respondeu-lhes Jesus: Não lestes que o Criador, no
começo, fez o homem e a mulher e disse: 5Por isso, o homem deixará
seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? 6Assim,
já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus
uniu. 7Disseram-lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um
documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la? 8Jesus
respondeu-lhes: É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia
tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim. 9Ora,
eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de
matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa
uma mulher rejeitada, comete também adultério. 10Seus discípulos
disseram-lhe: Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não
se casar! 11Respondeu ele: Nem todos são capazes de compreender o
sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi concedido. 12Porque
há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais
pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor
do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
• Contexto. Até o capítulo 18, Mateus
mostrou como os discursos de Jesus marcaram as diferentes fases da constituição
progressiva e formação da comunidade dos discípulos em torno de seu Mestre.
Agora em 19,1, este pequeno grupo se afasta dos territórios da Galiléia e chega
nos territórios da Judéia. O chamado de Jesus que envolve os seus discípulos
avança até a escolha decisiva: a aceitação ou rejeição da pessoa de Jesus. Esta
fase ocorre ao longo da estrada que leva a Jerusalém (capítulos 19-20), e,
finalmente, com a chegada à cidade e junto ao Templo (capítulos 21-23). Todos
os encontros que Jesus experimenta no decorrer desses capítulos ocorrem ao
longo do percurso da Galiléia a Jerusalém.
• Encontro com os fariseus. Passando pela
Transjordânia (19,1), o primeiro encontro é com os fariseus e o tema de
discussão de Jesus com ele se torna motivo de reflexão para o grupo dos
discípulos. A pergunta dos fariseus é sobre o divórcio e, especialmente, coloca
Jesus em dificuldade sobre o amor dentro do casamento, a realidade mais sólida
e estável para toda a comunidade judaica. A intervenção dos fariseus quer
acusar o ensinamento de Jesus. Trata-se de um verdadeiro processo: Mateus o
considera como "colocar à prova", "um tentar". A pergunta é
realmente crucial: “É permitido a um homem rejeitar
sua mulher por um motivo qualquer?” (19,3). Ao leitor não escapa a tentativa
equivocada dos fariseus de interpretar o texto de Dt 24,1 para colocar Jesus em
dificuldade: “Se um homem toma uma mulher e se
casa com ela, e esta depois não lhe agrada porque descobriu nela algo
inconveniente, ele lhe escreverá uma certidão de divórcio e assim despedirá a
mulher”. Este texto deu origem ao longo dos séculos
a inúmeras discussões: a admitir o divórcio por qualquer motivo, exigir um
mínimo de mau comportamento, um verdadeiro adultério.
• É Deus que une. Jesus responde aos
fariseus recorrendo a Gn 1,17; 2,24, trazendo o assunto à vontade primária de
Deus criador. O amor, que une o homem e a mulher, vem de Deus e por essa
origem, unifica e não pode separar. Se Jesus cita Gênesis 2,24: “Por
isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois
formarão uma só carne” (19,5), é porque ele quer
enfatizar um princípio particular e absoluto: é a vontade criadora de Deus que
une um homem e uma mulher. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio,
é Deus que os une; o termo "cônjuge" vem do verbo conjungir
(ligar
intimamente), conjugar
(associar, ligar e unir), ou seja, que a conjunção dos dois parceiros sexuais é o efeito da
palavra criadora de Deus. A resposta de Jesus aos fariseus atinge o seu cume: o
casamento é indissolúvel na sua constituição original. Jesus continua desta vez
recordando Ml 2,13-16: repudiar a própria mulher é romper a aliança com Deus e segundo
os profetas, esta aliança é vivida principalmente pelos esposos em sua união conjugal
(Os 1-3; Is 1,21-26; Jr 2,2; 3,1.6-12; Ez 16; 23; Is 54,6-10; 60-62). A
resposta de Jesus aparece em contradição com a lei de Moisés, que dá a
possibilidade de conceder um certificado de divórcio. No motivar a sua
resposta, Jesus lembra aos fariseus: se Moisés deu essa possibilidade é por
causa da dureza dos vossos corações (v. 8), mais especificamente por causa da vossa
desobediência à Palavra de Deus. A lei de Gn 1,26; 2,24 nunca foi modificada,
mas Moisés foi forçado a adaptá-la a uma atitude de desobediência. O primeiro
casamento não foi anulado pelo adultério. Ao homem de hoje e, especialmente, às
comunidades eclesiais a palavra de Jesus diz claramente que não deve haver
divórcio, e, no entanto, vemos que existem; na vida pastoral das pessoas
divorciadas são acolhidas, às quais está sempre aberta à possibilidade de
entrar no reino. A reação dos discípulos foi imediata: “Se
tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar!” (v.10). A resposta de Jesus continua a
sustentar a indissolubilidade do matrimônio, impossível para a mentalidade humana,
mas possível para Deus. O eunuco de que Jesus fala não é aquele que não pode
gerar, mas aquele que, separado de sua esposa, continua a viver em continência
, mantendo-se fiel ao primeiro vínculo conjugal: é eunuco em relação a todas as
outras mulheres.
4) Para um confronto pessoal
1) Em relação ao casamento sabemos
acolher o ensinamento de Jesus com simplicidade, sem adaptá-lo às nossas
próprias escolhas legítimas de conveniência?
2) O Evangelho recorda-nos que o
plano do Pai para o homem e a mulher é um maravilhoso projeto de amor. Você
está ciente de que o amor tem uma lei imprescindível: implica o
dom total e cheio da própria pessoa para o outro?
5) Oração final
Louvai o Senhor, porque
ele é bom,
porque sua misericórdia é
eterna.
Louvai o Deus dos deuses,
porque sua misericórdia é
eterna.
Louvai o Senhor dos
senhores,
porque sua misericórdia é
eterna. (Sl 135)
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