REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Sábado da 19ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
a quem ousamos chamar de
Pai,
dai-nos cada vez mais um
coração de filhos
para alcançarmos um dia a
herança que prometestes.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 19,13-15)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo,
segundo Mateus - Naquele tempo, 13Foram-lhe, então, apresentadas
algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os
discípulos, porém, as afastavam. 14Então Jesus disse: Deixai as
crianças e não as proibais de virem a mim, porque delas é o reino dos céus. 15E,
depois de impor-lhes as mãos, continuou seu caminho. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O evangelho é bem curto. Apenas três
versículos. Descreve como Jesus acolhia as crianças
* Mateus
19,13: A atitude dos discípulos frente às crianças
Levaram as
crianças até Jesus, para que impusesse as mãos nelas e rezasse por elas. Os
discípulos repreendiam as mães. Por que? Provavelmente, de acordo com as normas
severas das leis da impureza, crianças pequenas nas condições em que viviam
eram consideradas impuras. Se elas tocassem em Jesus, Jesus ficaria impuro. Por
isso, era importante evitar que elas chegassem perto e tocassem nele. Pois já
havia acontecido uma vez, quando um leproso tocou em Jesus. Jesus ficou impuro
e já não podia entrar na cidade. Tinha de ficar em lugares desertos (Mc 1,4-45)
* Mateus 19,14-15: A atitude da Jesus: acolhe e defende a
vida das crianças
Jesus repreende os discípulos e diz: Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir
a mim, porque o Reino do Céu pertence a elas." Jesus não se importa de
transgredir as normas que impediam a fraternidade e o acolhimento a ser dado
aos pequenos. A nova
experiência de Deus como Pai marcou a vida de Jesus e lhe deu olhos novos para
perceber e avaliar o relacionamento entre as pessoas. Jesus se coloca do lado
dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa. Impressiona quando se junta
tudo que a Bíblia informa sobre as atitudes de Jesus em defesa da vida das
crianças, dos pequenos:
1.
Agradecer pelo Reino presente nos pequenos. A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças,
os pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te
agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem mais do Reino
que os doutores!
2.
Defender o direito de gritar. Quando
Jesus, entrando no Templo, derrubou as mesas dos cambistas, eram as crianças as
que mais gritavam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos
chefes dos sacerdotes e pelos escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca
as Escrituras (Mt 21,16).
3.
Identificar-se com os pequenos. Jesus
abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a Jesus
que recebe (Mc 9, 37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi
a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
4. Acolher
e não escandalizar. Uma das palavras mais duras de Jesus é contra os que
causam escândalo nos pequenos, isto
é, são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para estes,
melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado no fundo
do mar (Lc 17,1-2; Mt 18,5-7). Jesus condena o sistema, tanto político como
religioso, que é motivo de criança, gente humilde, perder sua fé em Deus.
5.
Tornar-se como criança. Jesus
pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança.
Sem isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como
professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
6.
Acolher e tocar.(O evangelho
de hoje) Mães com crianças chegam
perto de Jesus para pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as afastam. Jesus
corrige os adultos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas e lhes dá um abraço. “Deixem vir as crianças, não as
impeçam!” (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15). Dentro das normas da época, tanto as mães
como as crianças pequenas, todas elas viviam, praticamente, num estado
permanente de impureza legal. Tocar nelas significava contrair impureza! Jesus
não se incomoda
7.
Acolher e curar. São
muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc
5,41-42), a filha da mulher Cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc
7,14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o
filho do funcionário público(Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes
(Jo 6,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Crianças: o que você já aprendeu das
crianças ao longo dos anos da sua vida? E o que as crianças aprenderam de você
sobre Deus, sobre Jesus e sobre a vida?
2) Qual a imagem de Deus que irradio para
as crianças? Deus severo, bondoso, distante ou ausente?
5) Oração final
Restituí-me a alegria da salvação,
e sustentai-me com uma vontade generosa.
Então aos maus ensinarei vossos caminhos,
e voltarão a vós os pecadores. (Sl
50,14-15)
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