REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Quarta-feira da 19ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
a quem ousamos chamar de
Pai,
dai-nos cada vez mais um
coração de filhos
para alcançarmos um dia a
herança que prometestes.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,15-20)
Naquele tempo, disse Jesus: 15Se teu irmão tiver pecado
contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho
teu irmão. 16Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a
fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17Se
recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele
para ti como um pagão e um publicano. 18Em verdade vos digo: tudo o
que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a
terra será também desligado no céu. 19Digo-vos ainda isto: se dois
de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de
meu Pai que está nos céus. 20Porque onde dois ou três estão reunidos
em meu nome, aí estou eu no meio deles.
3) Reflexão Mateus
18,15-20
* No
evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da
Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da
oração em comum (Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz
a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra chave desta segunda
parte é “perdoar”. O acento cai na
reconciliação. Para que possa haver reconciliação que permita o retorno dos
pequenos, é importante saber dialogar e perdoar, pois o fundamento da
fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade será um sinal do
Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas continuam machucando o coração. Há
pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões,
brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a
reconciliação.
* A
organização das palavras de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus
mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem
concretas de catequese. O Sermão da
Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, traz instruções atualizadas de como
proceder em caso de algum conflito entre os membros da comunidade e como
encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reuniu aquelas frases
de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim do primeiro século a superar
os dois problemas agudos que elas enfrentavam naquele momento, a saber, a saída
dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de diálogo para
superar o rigorismo de outros e acolher os pequenos, os pobres, na
comunidade.
* Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de
perdoar.
Estes versículos trazem normas simples de como proceder
no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecar, isto é,
se tiver um comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve
logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós. Procure saber os motivos
do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três pessoas da comunidade
para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo, deve levar o problema
para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar a comunidade, que ela
seja para você “como um publicano ou
pagão”, isto é, como alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você
que está excluindo, mas é a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A
comunidade reunida apenas constata e ratifica a exclusão. A graça de poder
perdoar e reconciliar em nome de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos
apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão da Comunidade, à própria comunidade (Mt
18,18). Isto revela a importância das decisões que a comunidade toma com
relação a seus membros.
* Mateus 18,19: A oração em comum
A
exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria sorte. Não!
Ela pode estar separada da comunidade, mas nunca estará separada de Deus. Caso
a conversa na comunidade não der resultado e a pessoa não quiser integrar-se na
vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao Pai para
conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender: “Se dois de vocês na terra estiverem de
acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu
Pai que está no céu”.
* Mateus 18,20: A presença de Jesus na
comunidade.
O
motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu
nome, estarei no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e,
como tal, junto com a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que
conceda o dom do retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.
4) Para um confronto pessoal
1. Por que será que é tão difícil perdoar? Na nossa
comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?
2. Jesus disse: "Onde dois ou três estão reunidos
em meu nome, estarei no meio deles". O que significa isto para nós hoje?
5) Oração final
Louvai, ó servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre. (Sl 112,1-2)
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