REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Segunda-feira da 12ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Senhor, nosso Deus,
dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de
conduzir
os que formais no vosso
amor.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7,1-5)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1Não julgueis, e não sereis julgados. 2Porque
do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que
tiverdes medido, também vós sereis medidos. 3Por que olhas a palha
que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? 4Como
ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma
trave no teu? 5Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim
verás para tirar a palha do olho do teu irmão.
3) Reflexão - Mt 7,1-5
* No evangelho de hoje continuamos a
meditação sobre o Sermão da Montanha que se encontra nos capítulos 5 a 7 do
evangelho de Mateus. Nas duas semanas anteriores, vimos os capítulos 5 e 6. Nesta
semana, veremos o capítulo 7. Estes três capítulos 5, 6 e 7 oferecem uma idéia
de como era a catequese nas comunidades dos judeus convertidos na segunda
metade do primeiro século lá na Galiléia e Síria. Mateus juntou e organizou as
palavras de Jesus para ensinar como devia ser a nova maneira de viver a Lei de
Deus.
* Depois
de ter explicado como restabelecer a justiça (Mt 5,17 a 6,18) e como restaurar a ordem da criação (Mt 6,19-34), Jesus ensina como deve ser a vida em comunidade (Mt 7,1-12). No fim, ele traz
algumas recomendações e conselhos finais (Mt 7,13-27). Aqui segue um esquema de todo o sermão da Montanha:
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças: solene abertura da
nova Lei
Mateus 5,13-16: A
nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: A
nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5,20-48: A
nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: A nova prática das obras de piedade: a
esmola
Mateus 6,5-15: A nova prática das obras de piedade: a
oração
Mateus 6,16-18: A nova prática das obras de piedade: o
jejum
Mateus 6,19-21: Novo
relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: Novo
relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: Novo relacionamento com os bens
materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: Novo relacionamento com
os bens materiais: confiar na providência
Mateus 7,1-5: Nova convivência comunitária: não julgar
Mateus 7,6: Nova convivência comunitária: não
desprezar a comunidade
Mateus 7,7-11: Nova convivência comunitária: confiança
em Deus gera partilha
Mateus 7,12: Nova convivência comunitária: a Regra de
Ouro
Mateus 7,13-14: Recomendações finais: escolher o caminho
certo
Mateus 7,15-20: Recomendações
finais: o profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Recomendações
finais: não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Recomendações
finais: construir a casa na rocha
* A vivência comunitária do evangelho (Mt 7,1-12) é a
pedra de toque. É onde se define a seriedade do compromisso. A nova proposta da vida em comunidade aborda vários
aspectos: não reparar no cisco que está no olho do irmão (Mt 7,1-5), não jogar as pérolas
aos porcos (Mt 7,6), não ter medo de pedir as coisas a Deus (Mt 7,7-11).
Estes conselhos vão culminar na Regra de
Ouro: fazer ao outro aquilo que você gostaria que o outro fizesse a você
(Mt 7,12). O evangelho de hoje traz a primeira parte: Mateus 7,1-5.
* Mateus 7,1-2: Não julguem, e vocês não serão
julgados
A primeira
condição para uma boa convivência comunitária é não julgar o irmão ou a irmã, ou seja, eliminar os preconceitos que
impedem a convivência transparente. O que significa isto no concreto? O
evangelho de João dá um exemplo de como Jesus vivia em comunidade com os
discípulos. Jesus diz: “Eu não chamo
vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que seu patrão faz; eu chamo
vocês de amigos, porque comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo
15,15). Jesus é um livro aberto os para os seus companheiros. Esta
transparência nasce da sua total confiança nos irmãos e irmãs e tem a raiz na
sua intimidade com o Pai que lhe dá a força para abrir-se totalmente aos
outros. Quem assim convive com os irmãos e as irmãs, aceita o outro do jeito
que o outro é, sem preconceitos, sem impor-lhe condições prévias, sem julgá-lo. Aceitação mútua sem
fingimento e total transparência! Este é o ideal da nova vida comunitária,
nascida da Boa Nova que Jesus nos trouxe de que Deus é Pai/Mãe e que, portanto,
todos somos irmãos e irmãs uns dos outros. É um ideal tão difícil e tão bonito
e atraente como aquele outro: ”Ser
perfeito como o Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48).
* Mateus 7.3-5: Vê o cisco e não percebe a trave
Em seguida,
Jesus dá um exemplo: “Por que você fica
olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no
seu próprio olho? Ou, como você se atreve a dizer ao irmão: 'deixe-me tirar o
cisco do seu olho', quando você mesmo tem uma trave no seu? Hipócrita, tire
primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem para tirar o
cisco do olho do seu irmão". Ao
ouvir esta frase, costumamos pensar logo nos fariseus que desprezavam o povo
como ignorante e se consideravam a si mesmos melhores que os outros (cf. Jo
7,49; 9,34). Na realidade, a frase de Jesus serve para todos nós. Por exemplo,
hoje, muitos de nós católicos pensamos que somos melhores que os outros cristãos.
Achamos até que os outros são menos fiéis ao evangelho do que nós católicos.
Olhamos o cisco no olho dos nossos irmãos e não enxergamos a enorme trave de
orgulho prepotente coletivo nos nossos olhos. Esta trave é a causa por que,
hoje, muita gente tem dificuldade de crer na Boa Nova de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Não julgar o outro e eliminar os preconceitos: qual
a experiência pessoal que eu tenho neste ponto?
2) Cisco e trave: qual a trave em mim que dificulta
minha participação na vida em família e em comunidade?
5) Oração final
Dirige-me na senda dos teus mandamentos,
porque nela está minha alegria.
Inclina meu coração para teus
testemunhos
e não para a avareza. (Sl
118,35-36)
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