REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Quarta-feira da 9ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, cuja providência
jamais falha,
nós vos suplicamos
humildemente:
afastai de nós o que é
nocivo,
e concedei-nos tudo o que
for útil.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12,18-27)
18Ora,
vieram ter com ele os saduceus, que afirmam não haver ressurreição, e
perguntaram-lhe: 19Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se morrer o irmão
de alguém, e deixar mulher sem filhos, seu irmão despose a viúva e suscite
posteridade a seu irmão. 20Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou
e morreu sem deixar descendência. 21Então o segundo desposou a
viúva, e morreu sem deixar posteridade. Do mesmo modo o terceiro. 22E
assim tomaram-na os sete, e não deixaram filhos. Por último, morreu também a
mulher. 23Na ressurreição, a quem destes pertencerá a mulher? Pois
os sete a tiveram por mulher. 24Jesus respondeu-lhes: Errais, não
compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus. 25Na ressurreição
dos mortos, os homens não tomarão mulheres, nem as mulheres, maridos, mas serão
como os anjos nos céus. 26Mas quanto à ressurreição dos mortos, não
lestes no livro de Moisés como Deus lhe falou da sarça, dizendo: Eu sou o Deus
de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Êx 3, 6)? 27Ele não é
Deus de mortos, senão de vivos. Portanto, estais muito errados.
3) Reflexão - Mc 12,18-27
* No evangelho de hoje continua o confronto entre Jesus e as
autoridades. Depois dos sacerdotes, anciãos e escribas (Mc 12,1-12) e os
fariseus e herodianos (Mc 12,13-17), agora aparecem os saduceus que fazem uma
pergunta sobre a ressurreição. Assunto polêmico, que causava briga entre
saduceus e fariseus (Mc 12,18-27; cf. At 23,6-1).
* Nas comunidades cristãs dos anos setenta, época em que
Macros escreve o seu evangelho, havia alguns cristãos que, para não serem
perseguidos, tentavam conciliar o projeto de Jesus com o projeto do império romano.
Os outros que resistiam ao império eram perseguidos, acusados e interrogados
pelas autoridades ou por vizinhos que se sentiam incomodados pelo testemunho
deles. A descrição dos conflitos de Jesus com as autoridades era uma ajuda
muito grande para os cristãos não se deixarem manipular pela ideologia do
império. Ao lerem estes episódios de conflito de Jesus com as autoridades, os
cristãos perseguidos se animavam e criavam coragem para continuar na caminhada.
* Marcos 12,18-23. Os Saduceus.
Os saduceus eram uma elite aristocrata de
latifundiários e comerciantes. Eram conservadores. Não aceitavam a fé na
ressurreição. Naquele tempo, esta fé começava a ser valorizada pelos fariseus e
pela piedade popular. Ela animava a resistência do povo contra a dominação
tanto dos romanos como dos sacerdotes, dos anciãos e dos próprios saduceus.
Para os saduceus, o reino messiânico já estava presente na situação de
bem-estar que eles estavam vivendo. Eles seguiam a assim chamada “Teologia da
Retribuição” que distorcia a realidade. Segundo esta teologia, Deus retribui
com riqueza e bem-estar aos que observam a lei de Deus, e castiga com
sofrimento e pobreza os que praticam o mal. Assim, se entende por que os
saduceus não queriam mudanças. Queriam que a religião permanecesse tal como era,
imutável como o próprio Deus. Por isso não aceitavam a fé na ressurreição e na
ajuda dos anjos, que sustentava a luta daqueles que buscavam mudanças e
libertação.
* Marcos 12,19-23. A pergunta dos Saduceus.
Eles chegam até Jesus e, para criticar e ridicularizar
a fé na ressurreição, contam o caso fictício daquela mulher que casou sete
vezes e, no fim, morreu sem filhos. A assim chamada lei do levirato obrigava a
viúva sem filhos a casar com o irmão do falecido marido. O filho que nascesse
deste novo casamento era considerado filho do falecido marido. Assim, este
teria uma descendência. Mas no caso proposto pelos saduceus, a mulher, apesar
de ter tido sete maridos, ficou sem marido. Eles perguntam a Jesus: “Na ressurreição, quando eles ressuscitarem,
de quem ela será? Todos os sete se casaram com ela!" Era para dizer
que crer na ressurreição levaria a pessoa a aceitar o absurdo.
* Marcos 12,24-27: A
resposta de Jesus.
Jesus responde duramente: “Vocês não entendem nada, nem do poder de Deus, nem da Escritura!”
Jesus explica que a condição das pessoas depois da morte será totalmente
diferente da condição atual. Depois da morte já não haverá mais casamento, mas
todas serão como os anjos no céu. Os saduceus imaginavam a vida no céu igual à
vida aqui na terra. No fim, Jesus conclui: “Nosso
Deus não é um Deus de mortos, mas sim de vivos! Vocês estão muito errados!”
Os discípulos e as discípulas devem estar de sobreaviso: quem estiver do lado
destes saduceus estará do lado oposto de Deus!
4) Para um confronto pessoal
1) Qual é hoje o sentido da frase:
“Deus não é Deus dos mortos, mas sim dos vivos!”
2) Será que eu creio mesmo na
ressurreição? O que significa para mim “creio na ressurreição da carne e na
vida eterna”?
5) Oração final
Levanto
os olhos para vós, que habitais nos céus.
Como os
olhos dos servos estão fixos nas mãos de seus senhores,
como os
olhos das servas estão fixos nas mãos de suas senhoras,
assim
nossos olhos estão voltados para o Senhor, nosso Deus,
esperando
que ele tenha piedade de nós. (Sl 122, 1-2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário