16 de jun. de 2013

Quinta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Quinta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Ó Deus, força daqueles que esperam em vós,

sede favorável ao nosso apelo,
e como nada podemos em nossa fraqueza,
dai-nos sempre o socorro da vossa graça,
para que possamos querer e agir conforme vossa vontade,
seguindo os vossos mandamentos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho   (Mateus 6,7-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
7Quando orardes,
não useis muitas palavras, como fazem os pagãos.
Eles pensam que serão ouvidos
por força das muitas palavras.
8Não sejais como eles,
pois vosso Pai sabe do que precisais,
muito antes que vós o peçais.
9Vós deveis rezar assim:
Pai Nosso que estás nos céus,
santificado seja o teu nome;
10venha o teu Reino;
seja feita a tua vontade,
assim na terra como nos céus.
11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12Perdoa as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
13E não nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do mal.
14De fato, se vós perdoardes aos homens
as faltas que eles cometeram,
vosso Pai que está nos céus
também vos perdoará.
15Mas, se vós não perdoardes aos homens,
vosso Pai também não perdoará
as faltas que vós cometestes.
Palavra da Salvação.


3) Reflexão  - Mt 6,7-15
*  O evangelho de hoje traz a oração do Pai Nosso, o Salmo que Jesus nos deixou. Há duas redações do Pai Nosso: de Lucas (Lc 11,1-4) e de Mateus (Mt 6,7-13). A redação de Lucas é mais curta. Lucas escreve para comunidades que vieram do paganismo. Ele busca ajudar pessoas que estão se iniciando no caminho da oração. No Evangelho de Mateus, o Pai Nosso está situado naquela parte do Sermão da Montanha, onde Jesus orienta os discípulos e as discípulas na prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles já estavam habituados a rezar, mas tinham certos vícios que Mateus tenta corrigir. No Pai Nosso Jesus resume todo o seu ensinamento em sete preces dirigidas ao Pai. Nestes sete pedidos, ele retoma as promessas do Antigo Testamento e mandar pedir ao Pai que Ele nos ajude a realizá-las. Os primeiros três dizem respeito ao relacionamento nosso com Deus. Os outros quatro dizem respeito ao nosso relacionamento comunitário com os outros. 
Mateus 6,7-8: A introdução ao Pai-nosso.
Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender a seus pedidos e necessidades. Quem reza deve buscar em primeiro lugar o Reino, muito mais que os interesses pessoais. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da repetição das palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia. Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades, antes mesmo das nossas preces.
Mateus 6,9a: As primeiras palavras: “Pai Nosso que estás no céu!”
Abba, Pai, é o nome que Jesus usa para dirigir-se a Deus. Expressa a intimidade que ele tinha com Deus e manifesta a nova relação com Deus que deve caracterizar a vida do povo nas comunidades cristãs (Gl 4,6; Rm 8,15). Mateus acrescenta ao nome do Pai o adjetivo nosso e a expressão que estais no Céu. A oração verdadeira é uma relação que nos une ao Pai, aos irmãos e irmãs e à natureza. A familiaridade com Deus não é intimista, mas expressa a consciência de pertencermos à grande família humana, da qual participam todas as pessoas, de todas as raças e credos: Pai Nosso. Rezar ao Pai e entrar em intimidade com ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os irmãos e irmãs. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A experiência de Deus como Pai é o fundamento da fraternidade universal.
Mateus 6,9b-10: Os três pedidos pela causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade
Na primeira parte do Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso relacionamento com Deus. Para restaurar o relacionamento com Deus, Jesus pede (1) a santificação do Nome revelado no Êxodo por ocasião da libertação do Egito; (2) pede a vinda do Reino, esperado pelo povo depois do fracasso da monarquia; (3) pede o cumprimento da Vontade de Deus, revelada na Lei que estava no centro da Aliança. O Nome, o Reino, a Lei: são os três eixos tirados do Antigo Testamento que expressam como deve ser o novo relacionamento com Deus. Os três pedidos mostram que é preciso viver na intimidade com o Pai, fazendo com que o seu Nome seja conhecido e amado, que o seu Reino de amor e de comunhão se torne uma realidade, e que a sua Vontade seja feita assim na terra como no céu. No céu, o sol e as estrelas obedecem à lei de Deus e criam a ordem do universo. A observância da lei Deus "assim na terra como no céu" deve ser a fonte e o espelho de harmonia e de bem-estar para toda a criação. Este relacionamento renovado com Deus, porém, só se torna visível no relacionamento renovado entra nós que, por sua vez, é objeto de mais quatro pedidos: o pão de cada dia, o perdão das dívidas, o não cair em tentação e a libertação do Mal.
Mateus 6,11-13: Os quatro pedidos pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade
Na segunda parte do Pai-nosso pedimos que seja restaurado e renovado o relacionamento entre as pessoas. Os quatro pedidos mostram como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de cada dia: O pedido do "Pão de cada dia" (Mt 6,11) lembra o maná de cada dia no deserto (Ex 16,1-36), O maná era uma “prova" para ver se o povo era capaz de andar na Lei do Senhor (Ex 16,4), isto é, se era capaz de acumular comida apenas para um único dia como sinal da fé de que a providência divina passa pela organização fraterna. Jesus convida para realizar um novo êxodo, uma nova convivência fraterna que garante o pão para todos. Perdão das dívidas: O pedido, do "perdão das dívidas" (6,12) lembra o ano sabático que obrigava os credores a perdoar todas as dívidas aos irmãos (Dt 15,1-2). O objetivo do ano sabático e do ano jubilar (Lv 25,1-22) era desfazer as desigualdades e recomeçar tudo de novo. Como rezar hoje: “Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”? E' pela dívida externa dos países pobres que os países ricos, todos cristãos, se enriquecem. Não cair na Tentação: O pedido de "não cair em tentação" (6,13) lembra os erros cometidos no deserto, onde o povo caiu na tentação (Ex 18,1-7; Nm 20,1-13; Dt 9,7-29). É para imitar Jesus que foi tentado e venceu (Mt 4,1-17). No deserto, a tentação levava o povo a seguir por outros caminhos, a voltar atrás, a não assumir a caminhada da libertação e reclamar de Moisés que o conduzia.  Libertação do Mal: O mal é o Maligno, o Satanás, que tenta desviar e que, de muitas maneiras, procura levar as pessoas a não seguir o rumo do Reino, indicado por Jesus. Tentou Jesus para abandonar o Projeto do Pai e ser o Messias conforme as idéias dos fariseus, escribas ou de outros grupos. O Maligno afasta de Deus e é motivo de escândalo. Chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23) e tentou Jesus no deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11).

4) Para um confronto pessoal
1) Jesus falou "perdoai as nossas dívidas", mas hoje nós rezamos "perdoai as nossas ofensas" O que é mais fácil: perdoar ofensas ou perdoar dívidas?
2) Como você costuma rezar o Pai Nosso: mecanicamente ou colocando toda a sua vida e o seu compromisso?

5) Oração final

Na presença do Senhor, fundem-se as montanhas como a cera,
em presença do Senhor de toda a terra.
Os céus anunciam a sua justiça
e todos os povos contemplam a sua glória. (Sl 96,5-6)




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