(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Sexta-feira da 25ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Pai, que resumistes toda lei
no amor a Deus e ao próximo,
fazei que, observando o
vosso mandamento,
consigamos chegar um dia à
vida eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 9,18-22) (Mc 8,27-29)
18Num
dia em que ele estava a orar a sós com os discípulos, perguntou-lhes: Quem
dizem que eu sou? 19Responderam-lhe: Uns dizem que és João Batista;
outros, Elias; outros pensam que ressuscitou algum dos antigos profetas. 20Perguntou-lhes,
então: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu: O Cristo de Deus. 21Ordenou-lhes
energicamente que não o dissessem a ninguém. 22Ele acrescentou: É
necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos
anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja
levado à morte e que ressuscite ao terceiro dia.
3) Reflexão Lucas
9,18-22 (Mc 8,27-29)
* O evangelho de hoje retoma o mesmo
assunto do evangelho de ontem: a opinião do povo sobre Jesus. Ontem, era a
partir de Herodes. Hoje, é o próprio Jesus que faz um levantamento da opinião
púbica e os apóstolos respondem dando a mesma opinião de ontem. Em seguida, vem
o primeiro anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
* Lucas
9,18: A pergunta de Jesus depois da oração.
“Certo dia, Jesus estava rezando num lugar
retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou: Quem dizem as
multidões que eu sou?". No evangelho de Lucas, em várias oportunidades
importantes e decisivas Jesus aparece rezando: no batismo quando assume sua
missão (Lc 3,21); nos 40 dias no deserto, quando vence as tentações do diabo
com a luz da Palavra de Deus (Lc 4,1-13); na noite antes de escolher os doze
apóstolos (Lc 6,12); na transfiguração, quando com Moisés e Elias conversa
sobre a paixão em Jerusalém (Lc 9,29); no horto, quando enfrenta a agonia (Lc
22,39-46); na cruz, quando pede perdão pelo soldado (Lc 23,34) e entrega o
espírito a Deus (Lc 23,46).
* Lucas
9,19: A opinião do povo sobre Jesus
“Eles responderam:
"Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; mas outros
acham que tu és algum dos antigos profetas que ressuscitou." Como Herodes,
muitos achavam que João Batista tivesse ressuscitado em Jesus. Era crença comum
que o profeta Elias devia voltar (Mt 17,10-13; Mc 9,11-12; Ml 3,23-24; Eclo
48,10). E todos alimentavam a esperança da vinda do profeta prometido por
Moisés (Dt 18,15). Resposta insuficientes.
* Lucas
9,20: A pergunta de Jesus aos discípulos.
Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus
perguntou: “E vocês, quem dizem que eu
sou?”. Pedro respondeu: “O Messias de
Deus!” Pedro reconhece que Jesus é aquele que o povo está esperando e que
vem realizar as promessas. Lucas omite a reação de Pedro tentando dissuadir
Jesus de seguir pelo caminho da cruz e omite também a dura crítica de Jesus a
Pedro (Mc 8,32-33; Mt 16,22-23).
* Lucas
9,21: A proibição de revelar que Jesus é o Messias de Deus
“Então Jesus
proibiu severamente que eles contassem isso a alguém”. Eles estão
proibidos de revelar ao povo que Jesus é o Messias de Deus. Por que Jesus
proibiu? É que naquele tempo, como já vimos, todos esperavam a vinda do
Messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei,
outros como sacerdote, outros como doutor, guerreiro, juiz, ou profeta! Ninguém parecia estar esperando
o messias servidor, anunciado por
Isaías (Is 42,1-9). Quem insiste em manter a idéia de Pedro, isto é, do Messias
glorioso sem a cruz, nada vai entender e nunca chegará a tomar a atitude do
verdadeiro discípulo. Continuará cego, como Pedro, trocando gente por árvore
(cf. Mc 8,24). Pois sem a cruz é impossível entender quem é Jesus e o que
significa seguir Jesus. Por isso,
Jesus insiste novamente na Cruz e faz o segundo anúncio da sua paixão, morte e
ressurreição.
* Lucas
9,22: O segundo anúncio da paixão
E
Jesus acrescentou: "O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado
pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e
ressuscitar no terceiro dia". A
compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica,
mas sim pelo compromisso prático, caminhando
com ele no caminho do serviço, desde
a Galiléia até Jerusalém. O Caminho do seguimento é o caminho da entrega, do
abandono, do serviço, da disponibilidade, da aceitação do conflito, sabendo que
haverá ressurreição. A cruz não é um acidente de percurso, mas faz parte deste
caminho. Pois num mundo, organizado a partir do egoísmo, o amor e o serviço só
podem existir crucificados! Quem faz da sua vida um serviço aos outros,
incomoda os que vivem agarrados aos privilégios, e sofre.
4) Para um confronto pessoal
1) Acreditamos
todos em Jesus. Mas um entende Jesus de um jeito, outro o entende de outro
jeito. Qual é, hoje, o Jesus mais comum no modo de pensar do povo?
2. Como a
propaganda interfere no meu modo de ver Jesus? O que faço para não cair na
arapuca da propaganda? O que, hoje, nos impede de reconhecer e de assumir o
projeto de Jesus?
5) Oração final
Bendito seja o Senhor, meu rochedo,
meu benfeitor e meu refúgio,
minha cidadela e meu libertador,
meu escudo e meu asilo (Sl 144, 1-2)
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