REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Sábado da 34ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas,
para que, aproveitando melhor as vossas graças,
obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos
auxílios.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21,
34-36)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 34Velai
sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o
excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que
aquele dia não vos apanhe de improviso. 35Como um laço cairá sobre
aqueles que habitam a face de toda a terra. 36Vigiai, pois, em todo
o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males
que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem. -
Palavra da salvação.
3) Reflexão
* Estamos
chegando ao fim do longo discurso apocalíptico e também ao fim do ano
eclesiástico. Jesus dá um último conselho convocando-nos para a vigilância (Lc
21,34-35) e para a oração (Lc 21,36).
* Lucas
21,34-35: Cuidado para não perder a consciência crítica
“Tomem cuidado para
que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da
embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre
vocês. Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a
face de toda a terra”. Um conselho semelhante Jesus já tinha
dado quando perguntaram a ele sobre a chegada do Reino (Lc 17,20-21). Ele
respondeu que a chegada do Reino acontece como o relâmpago. Vem de repente, sem
aviso prévio. As pessoas devem estar atentos e preparados, sempre (Lc
17,22-27). Quando a espera é longa, corremos o perigo de ficar desatentos e não
dar mais atenção aos acontecimentos. “os
corações ficam insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações
da vida”. Hoje, as muitas distrações nos tornam insensíveis e a propaganda
pode até perverter em nós o sentido da vida. Alheios ao sofrimento de tanta
gente no mundo, já não percebemos as injustiças que se cometem.
* Lucas
21,36: Oração como fonte de consciência crítica e de esperança
“Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a
fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de
pé diante do Filho do Homem". A oração constante é um meio muito
importante para não perdermos a presença do espírito. Ela aprofunda em nosso
coração a consciência da presença de Deus no meio de nós e, assim, traz força e
luz para aguentarmos os dias maus e crescermos na esperança.
* Resumo do Discurso Apocalíptico (Lc 21,5-36)
Passamos cinco dias
em seguida, de terça feira até hoje sábado, meditando e aprofundando o
significado do Discurso Apocalíptico
para as nossas vidas. Todos os três evangelhos sinóticos trazem este discurso
de Jesus, cada um a seu modo. Procuramos ver de perto a versão que o evangelho
de Lucas nos oferece. Damos aqui um breve resumo do que pudemos meditar nestes
cinco dias.
Todo Discurso Apocalíptico é uma tentativa
para ajudar as comunidades perseguidas a situar-se dentro do conjunto do plano
de Deus e assim terem esperança e coragem para continuar firme na caminhada. No
caso do Discurso Apocalíptico do evangelho de Lucas, as comunidades perseguidas
viviam no ano 85. Jesus falava no ano 33. Seu discurso descreve as etapas ou
sinais da realização do plano de Deus. Ao todo são 8 sinais ou períodos desde
Jesus até o fim dos tempos. Lendo e interpretando sua vida à luz dos sinais
dados por Jesus, as comunidades descobriam a que altura estava a execução do
plano. Os sete primeiros sinais já tinham acontecido. Pertenciam todos ao
passado. É sobretudo no 6° e no 7° sinal (perseguição e destruição de
Jerusalém) que as comunidades encontram a imagem ou o espelho do que estava
acontecendo no presente delas. Eis os sete sinais:
Introdução ao Discurso (Lc 21,5-7)
1º sinal: os falsos
messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e
revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação
lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos
em todos os lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome e
pestes e sinais no céu (Lc 21,11);
6º sinal: a perseguição dos cristãos e
a missão que devem realizar (Lc 21,12-19) + Missão
7º sinal: a destruição de Jerusalém
(Lc 21,20-24)
Chegando neste
sétimo sinal, as comunidades concluem: “Estamos no 6° e no 7° sinal. E aqui vem
a pergunta mais importante: “Quanto falta para que chegue o fim?” Quem está
sendo perseguido não quer saber sobre o futuro distante. Mas quer saber se vai
estar vivo no dia seguinte ou se terá força para agüentar a perseguição até o
dia seguinte. A resposta a esta pergunta inquietante vem no oitavo sinal:
8º sinal: mudanças no sol e na lua (Lc
21,25-26) anunciam a chegada do Filho do
Homem. (Lc 21,27-28).
Conclusão: falta pouco, tudo está
conforme o plano de Deus, tudo é dor de parto, Deus está conosco. Dá para
agüentar. Vamos testemunhar nossa fé na Boa Nova de Deus trazida por Jesus.
No fim, Jesus
confirma tudo com a sua autoridade (Lc 21,29-33).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus pede vigilância
para não sermos surpreendidos pelos fatos. Como vivo este conselho de Jesus?
2) O último pedido
de Jesus no fim do ano eclesiástico é este: Fiquem
atentos, e rezem todo o tempo. Como vivo este conselho de Jesus em minha
vida?
5) Oração final
Pois o Senhor é um grande Deus,
grande rei acima de todos os deuses.
Na sua mão estão os abismos da terra,
são suas as alturas dos montes.
É dele o mar, pois foi ele que o fez,
e também a terra firme, que suas mãos
formaram. (Sl 94, 3-5)
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