(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Terça-feira da 28ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, sempre nos preceda e
acompanhe a vossa graça
para que estejamos sempre
atentos
ao bem que devemos fazer.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 37-41)
37Enquanto
Jesus falava, pediu-lhe um fariseu que fosse jantar em sua companhia. Ele
entrou e pôs-se à mesa. 38Admirou-se o fariseu de que ele não se
tivesse lavado antes de comer. 39Disse-lhe o Senhor: Vós, fariseus,
limpais o que está por fora do vaso e do prato, mas o vosso interior está cheio
de roubo e maldade! 40Insensatos! Quem fez o exterior não fez também
o conteúdo? 41Dai antes em esmola o que possuís, e todas as coisas
vos serão limpas.
3) Reflexão Lucas
11,37-41
* No
evangelho de hoje continua o relacionamento tenso entre Jesus e as autoridades
religiosas daquele tempo. Apesar de tenso, havia algo de familiar entre Jesus e
os fariseus. Convidado para jantar na casa deles, Jesus aceita o convite. Jesus
não perde a liberdade diante deles, nem os fariseus diante de Jesus.
* Lucas 11,37-38: Admiração do fariseu diante da
liberdade de Jesus
“Enquanto Jesus falava, um fariseu o
convidou para jantar em casa. Jesus entrou, e se pôs à mesa. O fariseu ficou
admirado ao ver que Jesus não tinha lavado as mãos antes da refeição”. Jesus
aceita o convite para jantar na casa do fariseu, mas não muda o seu modo de
agir, pois senta-se à mesma sem lavar as mãos. Nem o fariseu muda de atitude
frente a Jesus, pois expressa a sua admiração pelo fato de Jesus não lavar as
mãos. Naquele tempo, lavar as mãos antes das refeições era uma obrigação
religiosa, imposta ao povo em nome da pureza, exigida pela lei de Deus. O
fariseu estranhou o fato de Jesus não observar esta norma religiosa. Mesmo
assim, apesar de totalmente diferentes, o fariseu e Jesus tinham algo em comum:
a seriedade de vida. O jeito de viver dos fariseus era assim: cada dia, dedicavam
oito horas ao estudo e à meditação da lei de Deus, outras oito horas ao
trabalho para poder sobreviver com a família e oito horas ao descanso. Este
testemunho sério da sua vida dava a eles uma grande liderança popular. Talvez
seja por isso, que, apesar de totalmente diferentes, os dois, Jesus e os
fariseus, se entendiam e se criticavam mutuamente, sem perder a possibilidade
do diálogo.
* Lucas 11,39-41: A resposta de Jesus
“Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por
fora, mas o interior de vocês está cheio de roubo e maldade. Gente sem juízo!
Aquele que fez o exterior, não fez também o interior? Antes, dêem em esmola o
que vocês possuem, e tudo ficará puro para vocês”. Os fariseus observavam a lei ao pé da letra. Olhavam
só a letra e, por isso, eram incapazes de perceber o espírito da lei, o
objetivo que a observância da lei queria alcançar na vida das pessoas. Por
exemplo, na lei está escrito: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Lv 19,18). E
eles comentavam: “Devemos amar o próximo, sim, mas só o próximo, os outros
não!” E daí nascia a discussão em torno da questão: “Quem é meu próximo?” (Lc 10,29) O apóstolo Paulo escreve na sua
segunda carta aos Coríntios: “A letra mata, é o espírito que dá vida à letra”
(2Cor 3,6). No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei
mas transgridem o espírito da lei (Mt 5,20). Para ser fiel ao que Deus pede de
nós não basta observar só a letra da lei. Isto seria o mesmo que limpar o copo
e o prato por fora e deixar o interior cheio de sujeira: roubo e maldade. Não basta não matar, não roubar, não cometer
adultério, não jurar. Só observa plenamente a lei de Deus aquele que, para além
da letra, vai até à raiz e arranca de dentro de si os desejos de “roubo e de maldade” que possam levar
ao assassinato, ao roubo, ao adultério. É na prática do amor que se realiza a
plenitude da lei (cf. Mt 5,21-48).
4) Para um confronto pessoal
1) Nossa Igreja hoje merece esta
acusação de Jesus contra os escribas e fariseus? Eu mereço?
2) Respeitar a seriedade de vida dos
outros que pensam diferente de nós pode facilitar o diálogo tão necessário e
tão difícil hoje em dia. Como pratico o diálogo na família, no trabalho e na
comunidade?
5) Oração final
Desçam a mim as vossas misericórdias, Senhor,
e a vossa salvação, conforme vossa promessa.
Não me tireis jamais da boca a palavra da verdade,
porque tenho confiança em vossos decretos.
(Sl 118, 41.43)
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