(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Segunda-feira da 28ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, sempre nos preceda e
acompanhe a vossa graça
para que estejamos sempre
atentos
ao bem que devemos fazer.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 29-32)
Naquele tempo, 29quando as multidões se reuniram em grande
quantidade, Jesus começou a dizer: Esta geração é uma geração perversa; pede um
sinal, mas não se lhe dará outro sinal senão o sinal do profeta Jonas. 30Pois,
como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem o será para
esta geração. 31A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo
para condenar os homens desta geração, porque ela veio dos confins da terra
ouvir a sabedoria de Salomão! Ora, aqui está quem é mais que Salomão.32Os
ninivitas levantar-se-ão no dia do juízo para condenar os homens desta geração,
porque fizeram penitência com a pregação de Jonas. Ora, aqui está quem é mais
do que Jonas.
3) Reflexão Lucas 11, 29-32
* O evangelho de hoje traz uma acusação muito forte de Jesus
contra os fariseus e os escribas. Eles queriam que Jesus lhes desse um sinal,
pois não acreditavam nos sinais e milagres que ele estava realizando. Esta
acusação de Jesus continua nos evangelhos dos próximos dias. Ao meditarmos estes evangelhos, devemos tomar muito cuidado
para não generalizar a acusação de Jesus como se fosse dirigida contra todo o
povo judeu. No passado, a ausência deste cuidado contribuiu, lamentavelmente,
para aumentar em nós cristãos o anti-semitismo que tantos males trouxe à
humanidade ao longo dos séculos. Em vez de levantarmos o dedo contra os fariseus
do tempo de Jesus, é melhor olharmos no espelho dos textos para perceber neles
o fariseu que vive escondido na nossa igreja e em cada um de nós, e que merece
a mesma crítica da parte de Jesus.
* Lucas 11, 29-30: O
sinal de Jonas
“Quando as multidões se reuniram, Jesus
começou a dizer: "Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas
nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”. O evangelho de
Mateus informa que eram os escribas e os fariseus que pediram um sinal (Mt 12,
38). Queriam que Jesus realizasse para eles um sinal, um milagre, para que
pudessem verificar se ele era mesmo o enviado de Deus conforme eles o
imaginavam. Queriam que Jesus se submetesse aos critérios deles. Queriam
enquadrá-lo dentro do esquema do messianismo deles. Não havia neles abertura
para uma possível conversão. Mas Jesus não se submeteu ao pedido deles. O
evangelho de Marcos diz que Jesus, diante do pedido dos fariseus, soltou um
profundo suspiro (Mc 8,12), provavelmente de desgosto e de tristeza diante de
tão grande cegueira. Pois não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não
quer abrir os olhos. O único sinal que lhe será dado é o sinal de Jonas. “De fato, assim como Jonas foi um sinal para
os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração”. Como
será este sinal do Filho do Homem? O evangelho de Mateus responde: “Assim como Jonas passou três dias e três
noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e
três noites no seio da terra” (Mt 12,40). O único sinal será a ressurreição
de Jesus. Este é o sinal que, futuramente, vai ser dado aos escribas e
fariseus. Jesus, por eles condenado à morte de cruz, será ressuscitado por Deus
e continuará ressuscitando de muitas maneiras naqueles que nele acreditarem. O
sinal que converte não são os milagres, mas sim o testemunho de vida!
* Lucas 11,31: Salomão
e a rainha do Sul
A
alusão à conversão do povo de Nínive associou e fez lembrar a conversão da
Rainha de Sabá: “No dia do julgamento, a
rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio
de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é
maior do que Salomão". Esta evocação quase ocasional do episódio da
Rainha de Sabá que reconheceu a sabedoria de Salomão, mostra como se usava a
Bíblia naquele tempo. Era por associação. A regra principal da interpretação
era esta: “A Bíblia se explica pela Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas
mais importantes para a interpretação da Bíblia, sobretudo para a Leitura
Orante da Palavra de Deus.
* Lucas 11,32: Aqui
está quem é maior do que Jonas
Depois
da digressão sobre Salomão e a Rainha de Sabá, Jesus volta a falar do sinal de
Jonas: “No dia do julgamento, os homens
da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque
eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar”. O povo de Nínive se
converteu diante do testemunho da pregação de Jonas e vai denunciar a
incredulidade dos escribas e dos fariseus. Pois “aqui está quem é maior do que Jonas”. Jesus é maior que Jonas,
maior que Salomão. Para nós cristãos, ele é a chave principal para a escritura
(2Cor 3,14-18).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus criticou os escribas e os
fariseus que chegavam a negar a evidência, tornando-se incapazes de reconhecer
o apelo de Deus nos acontecimentos. E nós cristãos hoje, e eu: merecemos a
mesma crítica de Jesus?
2) Nínive se converteu diante da
pregação de Jonas. Os escribas e fariseus não se converteram. Hoje, os apelos
da realidade provocam mudança e conversão nos povos do mundo inteiro: ameaça
ecológica, urbanização que desumaniza, consumismo que massifica e aliena,
injustiças, violência, etc. Muitos de nós cristãos vivemos alheios a estes
apelos de Deus que vem da realidade.
5) Oração final
Louvai, ó servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre. (Sl 112, 1-2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário