28 de mai. de 2013

Sábado da 8ª Semana do Tempo Comum


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Sábado da 8ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo
decorram na paz que desejais,
e a vossa Igreja vos possa servir,
alegre e tranquila.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho   (11,27-33)

27Jesus e os discípulos foram outra vez a Jerusalém. Enquanto andava pelo templo, os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: 28“Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?” 29Jesus disse: “Vou fazer-vos uma só pergunta. Respondei-me, que eu vos direi com que autoridade faço isso. 30O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me!” 31Eles discutiam entre si: “Se respondermos: ‘Do céu’, ele dirá: ‘Por que não acreditastes em João?’ 32Vamos então responder: ‘Dos homens’?...” – Eles tinham medo do povo, já que todos diziam que João era realmente um profeta. 33Responderam então a Jesus: “Não sabemos”. E Jesus retrucou-lhes: “Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas!”

3) Reflexão

* "Com que autoridade?" A palavra "autoridade" é central nesta passagem. Contém o segredo do caminho de fé e do crescimento espiritual que podemos percorrer, se nos deixamos guiar pela Palavra, na meditação deste Evangelho. A pergunta provocadora dirigida a Jesus por seus adversários leva imediatamente a entender a distância que há entre ele e os outros, por isso não pode haver uma resposta. "Autoridade", nas palavras dos sacerdotes e dos escribas, indica o "poder", "força", "domínio", "capacidade de fazer cumprir as leis e julgar". Para Jesus, no entanto, "autoridade" significa outra coisa, como podemos entender se termos presente que em hebraico esta palavra vem da raiz que significa "fazer-se igual a". Na verdade, Jesus manifesta imediata e claramente em que o horizonte Ele se move, para onde está indo e para onde quer nos conduzir: para ser iguais, para ser como o Pai, para manter uma relação de amor com Ele, como entre Pai e filho. Não é por acaso que Ele imediatamente mencione o batismo de João ...
* "O batismo de João ...". Jesus nos leva rapidamente e com clareza ao ponto de partida, à fonte, lá onde podemos reencontrar conosco mesmos, no encontro com Deus. Às margens do rio Jordão, onde ele foi batizado, é preparado um lugar para nós, porque, porque, como Ele, descemos às águas, no fogo do amor e nos deixamos marcar com o selo do Espírito Santo, nos deixamos encontrar, visitar e envolver por estas palavras: "Tu és o meu Filho amado" (Mc 1, 11). Jesus nos ensina que não há nenhuma outra autoridade, outra grandeza ou outra riqueza, mas apenas esta.
* "Do céu ou dos homens?". Queremos estar com Deus e com os homens, seguir a Ele ou a eles, entrar na luz do céu aberto (Mc 1, 10) ou permanecer na trevas da nossa solidão?
* "Respondei-me." É belíssima esta palavra de Jesus, repetida com ênfase duas vezes (vv. 29 e 30). Jesus pede uma escolha precisa, uma decisão clara, sincera e autêntica, até o fim. O verbo "responder", em grego, expressa justamente esta atitude, esta capacidade de distinguir e separa bem as coisas. O Senhor quer nos convidar para entra no mais profundo de nós mesmos para nos deixar penetrar por suas palavras e que, dessa forma, aprendemos cada vez mais e melhor, em estreita relação com Ele, a tomar as decisões importantes de nossa vida e até mesmo a todos os dias.
Mas esse verbo simples e bonito indica todavia algo mais. A raiz hebraica expressa resposta e, ao mesmo tempo, a miséria, a pobreza, tristeza e humildade. Isto é, não pode haver uma verdadeira resposta senão na humildade, no ouvir. Jesus pede aos sacerdotes e escribas, e também a nós, de entrar nesta dimensão da vida, nesta atitude da alma: fazer-se humilde diante dEle, reconhecer a nossa pobreza e a necessidade que temos Dele, porque esta  é a única possível resposta para suas perguntas.
* "Discutiam entre si". Estamos diante de outro verbo importante que nos ajuda a compreender melhor o nosso mundo interior. Este discutir, de fato, é um "falar através de", como se deduz da tradução literal do verbo grego usado por Marcos. As pessoas desta passagem estão quebradas por dentro, atravessadas por uma ferida; diante de Jesus, não são de uma peça. Entre eles falam por diversas razões e considerações, ao invés de entrar naquele relacionamento e diálogo com o Pai, que foi inaugurado no batismo de Jesus, continuam de fora, à distância, como o filho da parábola, que se recusa a entrar no banquete do amor cf . Lc 15, 28). Eles também não acreditam que a Palavra do Pai, que repete mais uma vez: "Tu és o meu Filho muito amado: em ti me comprazo" (Mc 1, 11), por isso continuam procurando e querendo a força da autoridade e do poder em vez da fraqueza do amor.


4) Para um confronto pessoal

* O Senhor me ensina que a sua autoridade, também em minha existência, não é domínio nem força de opressão, mas é amor, capacidade de se assemelhar, de se fazer  próximo. Eu quero aceitar essa autoridade de Jesus na minha vida, desejo realmente entrar nesta relação de semelhança a Ele? Estou disposto a tomar as medidas que esta escolha comporta? Estou determinado a ir até o fim por este caminho?
* Ao avizinhar-me desta passagem do Evangelho, talvez não suspeitasse que seria levado  à passagem do Batismo e a esta experiência tão fundamental e motora de relacionamento com Deus Pai. No entanto, o Senhor quis revelar mais uma vez seu grande amor, ele não recuar diante de qualquer fadiga ou  obstáculo, para me alcançar. Mas e o meu coração como está, neste momento, diante Dele? Consigo escutar a voz do Pai falando comigo e me chama de "filho", pronunciando o meu nome? Consigo acolher esta  sua declaração de amor? Confio, creio, me entrego a Ele? Eu escolho o céu ou ainda a terra?
* Eu acho que deveria acabar com essa meditação, sem dar minha resposta. Jesus me pede especificamente: aquele "Respondei-me" hoje é dirigido a mim. Eu aprendi que não pode haver verdadeira resposta, sem uma verdadeira escuta, e que a verdadeira escuta só pode nascer da humildade ... Desejo dar este passo? Desejo, pelo contrário, continuar a responder guiado apenas por minhas convicções, por meus velhos modos de pensar e sentir, por minha presunção e auto-suficiência?
* Uma pergunta final. Olhando meu coração por dentro, eu também me vejo um pouco dividido, como os adversários de Jesus? Tenho em mim alguma ferida que me atravessa e não me permite ser um cristão por inteiro, amigo de Cristo, um seguidor seu?

5) Oração final

Minha alma, bendize o Senhor
e tudo o que há em mim, o seu santo nome!
Minha alma, bendize o Senhor,
e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)





Um comentário:

  1. Aceitar a "autoridade" de Jesus e se comprometer em responder à sua pergunta. Peço a Maria, nossa mãe que me ajude sempre a responder "sim" a Jesus. Ser fiel à resposta...nossa como é difícil. E sempre tem algo que nos divide, que nos convida a sair do rumo, a desviar o caminho.
    Sempre que comungo peço a Jesus que seja a minha força para ser um cristão melhor e perdoar os meus pecados. Eu confio nele e sinto que Ele me ajuda. Pois sinto que vou vencendo as dificuldades aos poucos.

    Bom dia Dom Wilmar.

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