31 de jan. de 2009

5ª Semana do Tempo Comum - Sexta-feira


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm


Sexta-feira da 5ª Semana do Tempo Comum


1) Oração


Velai, ó Deus, sobre a vossa família,
com incansável amor;
e, como só confiamos na vossa graça,
guardai-nos sob a vossa proteção.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 31-37)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 31Jesus deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole. 32Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão. 33Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. 34E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te! 35No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente. 36Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam. 37E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas; fez que ouçam os surdos e falem os mudos. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

No evangelho de hoje, Jesus cura um surdo que gaguejava. Este episódio é pouco conhecido. No episódio da Mulher Cananéia, Jesus ultrapassou as fronteiras do território nacional e acolheu uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. A mesma abertura continua no evangelho de hoje. 

* Marcos 7,31. A região da Decápole

“Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galiléia, atravessando a região da Decápole”. Decápole significa, literalmente, Dez Cidades. Era uma região de dez cidades ao sudeste da Galiléia, cuja população era pagã.

* Marcos 7,31-35. Abrir o ouvido e soltar a língua.

Um surdo gago é levado a Jesus. O jeito de curar é diferente. O povo queria que Jesus apenas impusesse as mãos sobre ele. Mas Jesus foi muito além do pedido. Ele levou o homem para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas e com saliva tocou na língua, olhou para o céu, fez um suspiro profundo e disse: “Éfata!”, isto é, “Abra-se!” No mesmo instante, os ouvidos do surdo se abriram, a língua se desprendeu e o homem começou a falar corretamente. Jesus quer que o povo abra o ouvido e solte a língua!

* Marcos 7,36-37: Jesus não quer publicidade.

“Jesus recomendou com insistência que não contassem nada a ninguém. No entanto, quanto mais ele recomendava, mais eles pregavam. Estavam muito impressionados e diziam: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar". Ele proíbe a divulgação da cura, mas não adiantou. Quem teve experiência de Jesus, vai contar para os outros, queira ou não queira! As pessoas que assistiram á cura começaram a proclamar o que tinham visto e resumiram a Boa Notícia assim: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar". . Esta afirmação do povo faz lembrar a criação, onde se diz: “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31). E evoca ainda a profecia de Isaías, onde este diz que no futuro os surdos vão ouvir e os mudos vão falar (Is 29,28; 35,5. cf Mt 11,5).

* A recomendação de não contar nada a ninguém.

Às vezes, se exagera a atenção que o evangelho de Marcos atribui à proibição de divulgar a cura, como se Jesus tivesse um segredo a ser preservado. Na maioria das vezes que Jesus faz um milagre, ele não pede silêncio. Uma vez até pediu publicidade (Mc 5,19). Algumas vezes, porém, ele dá ordem para não divulgar a cura (Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26), mas ele obtém o resultado contrário. Quanto mais proíbe, tanto mais a Boa Nova se espalha (Mc 1,28.45; 3,7-8; 7,36-37). Não adianta proibir! Pois a força interna da Boa Nova é tão grande que ela se divulga por si mesma!

* Abertura crescente no evangelho de Marcos

Ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Assim, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus atende ao pedido do povo do lugar e cura um surdo gago. Ele não tem medo de contaminar-se com a impureza de um pagão, pois ao curá-lo, toca-lhe os ouvidos e a língua. Enquanto as autoridades dos judeus e os próprios discípulos têm dificuldades de escutar e entender, um pagão que era surdo e gago passa a ouvir e a falar pelo toque de Jesus. Lembra o cântico do servo “O Senhor Iahweh abriu-me os ouvidos e eu não fui rebelde” (Is 50,4-5). Ao expulsar os vendedores do templo, Jesus critica o comércio injusto e afirma que o templo deve ser casa de oração para todos os povos (Mc 11,17). Na parábola dos vinhateiros homicidas, Marcos faz alusão ao fato de que a mensagem será tirada do povo eleito, os judeus, e será dada aos outros, aos pagãos (Mc 12,1-12). Depois da morte de Jesus, Marcos apresenta a profissão de fé de um pagão ao pé da cruz. Ao citar o centurião romano e seu reconhecimento de Jesus como Filho de Deus, está dizendo que o pagão é mais fiel do que os discípulos e mais fiel do que os judeus (Mc 15,39). A abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).


4) Para um confronto pessoal

1. Jesus teve muita abertura para as pessoas de outra raça, de outra religião e de outros costumes. Será que nós cristãos hoje temos a mesma abertura? Será que eu tenho?

2. Definição da Boa Nova: “Jesus fez bem todas as coisas!” Sou Boa Nova de Deus para os outros?


5) Oração final

Cantai ao Senhor um cântico novo.
Cantai ao Senhor, terra inteira.
Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome,
anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. (Sal 95, 1-2)



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